Para o mês de outubro temos Byung-chul Han e a “Sociedade do cansaço”, indicação da Eleonora Mendonça.
O autor nasceu na Coreia do Sul, em 1959, estudou Metalurgia na Universidade da Coreia, Filosofia na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique. Atualmente é professor da Universidade de Artes de Berlim.
O livro é bem pequeno, no total 109 páginas (é um livro estilo “de bolso”) divididas em 7 capítulos, foi publicado em 2010 e traduzido para o português em 2015.
Para mim, a análise do autor mostra a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade do desempenho e assim, estrutura-se a sociedade do cansaço. Há uma crítica com relação a como nós estamos gerindo a nossa vida e como essa forma de gestão (exatamente, nas nossas mãos) está nos adoecendo.
Na sociedade do cansaço há um otimismo que transcende barreiras, ou seja, encontra na motivação do indivíduo o seu aprisionamento. Pensar em relações de trabalho que são vendidas como “flexíveis” tiram o limite da punição e trazem a iniciativa e motivação. Estas sim, não tem limites.
A cobrança, que na sociedade do desempenho, está não mais imposta a um terceiro (como o empregador), mas sim, para o próprio trabalhador. Altera-se a ideia da disciplina pela ideia do PODER. Se você tem poder, só depende de você.
Afasta-se de um rol de metas que a empresa poderia impor (e punir), para o pagamento por meio demandas e comissões: um sistema que depende somente do trabalhador para ampliar sua renda. (lembrem-se que há limites no tempo, na saúde, no viver...)
O indivíduo adoece por si e para si mesmo. Ele se corrói por dentro.
Ao fim, todo tempo é tempo para alcançar as metas que ele mesmo se impôs em virtude da liberdade que lhe impuseram. Não há tempo para o contemplar, para o refletir e o repensar.
O livro avança ainda, mas eu quero parar por aqui.
Indico esse livro, pois ele nos faz repensar como estamos levando nossos trabalhos e de nossos trabalhadores. Entender isso, é entender a função do intervalo, do descanso, do lazer.. da jornada digna.
Não temos que viver em um mundo de cansados.
Miriam Olivia Knopik Ferraz
Artigo escrito em 28 de outubro de 2020.
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